segunda-feira, 29 de junho de 2009

Infância


Infância

Um menino agachadinho
Jogava o pedregulho no rio
Bem de cima do morrinho
Estava assaz pensativo
Imaginava os porquês
Arriscava os paraquês.
Para ele a vida era linda
Como são os passarinhos
Ignorava sua natureza finda
Pensava apenas nos ninhos.
Lembrou da noite anterior
Das primas malvadas
Que vestidas de monstro
O causaram tanto temor
Lembrava do avô
Que o levantava bem alto
E o homem no asfalto
Chamando:" O! Sô! "
Lembrou da vaquinha
Que mugia e mugia
Tinha a cara pretinha
E o leite saia quente.
Das lembranças
Voltou de repente.
Teve vontade da vida
Tão recente
E tão querida
Olhava para o céu e
Eufórico pensava no mundo
Sem saber direito o que era
Gritava ao vento:
Gira mundo! Gira mundo!
Estava então isento
Do que descobriria depois
Ser tão imundo....


Eder de A. Benevides

domingo, 28 de junho de 2009

O Amor que falta

O Amor que falta

Falta aquele amor embriagador nas pessoas
Um amor livre e insaciável viajante
Que parte ansioso para uma vida encantadora
E torna cada olhar uma espécie de amante.

Um sentimento corajoso que não teme ousar
Que não vacila de fronte ao espírito alheio
Que segue intensamente avante e sem anseio
E sereno vê em cada coração um doce lar.

Para esse amor são inexistentes as diferenças
E são extensas
Propensas
Imensas
As chances de em cada coração achar um calor
Um calor confortável que nos livre da dor
De nos sentirmos sozinhos no mundo
E com sentimento profundo
Olharmos um para o outro
Para com sinceridade podermos então
Nos chamarmos de queridos irmãos!


Eder de A. Benevides

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Coração de Cristal


Coração de cristal

Lamentava um coração de cristal.
A sua dor era gelada e profunda
Pois era estranhamente oriunda
De sua triste existência irreal.
Queria os chorinhos da vida
Ter aquela coragem atrevida
As palpitações de amor
Queria acima de tudo sentir dor
Não uma dor gélida e mecânica
E sim aquele leque abstrato
De profundas sensações orgânicas.
Indignado
Desconsolado
Cansou-se de sua condição de objeto!
Invocou Deus e determinado gritou!
- Por que sou inanimado abjeto
Se entre tantos corações
Sou o que mais quero ser o que não sou?
.
.
.
.
Com o silêncio das indagações
Continuou
O inerte ser cristalino
Inanimado
Gelado
A ser o que é em seu triste destino.


Eder de A. Benevides

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Ode à poetisa introspectiva


Ode a poetisa introspectiva

É quando leio os seus belos versos
Que meu sorriso mais raro me foge ao rosto
Como o clarão que toma as montanhas no alvorecer.
São essas letras que deixam meus anseios imersos
Num grande empenho seguido de profundo gosto
De na minha pequenez tentar as suas entrelinhas entender.
É introspectiva solenemente
Intimista reciprocamente.
É recíproca a relação entre a voraz pena
E seu complexo e contagiante âmago
Que expõe as emoções com maestria plena
E causa infalivelmente aquele friozinho no estômago.
É sim a poetisa de minhas inspirações!
Que pulam de minhas entranhas
Com o ludibrio tão fascinante
Das lembranças perenes de suas indeléveis canções!


Eder de A. Benevides

Sr. Ego


Sr. Ego

Observo curioso o meu Ego.
Com entusiasmo ínfimo enxergo
O egoísmo vil que cego criei.
Um individualismo perverso
Cuja procedência está na Lei
Do farto bolso dos grandes
Que vêem na verdíssima celulose
A proeminência duma única Lei!

Eder de A. Benevides

domingo, 21 de junho de 2009

Ganância de um Escritor


Ganância de um Escritor

Sobre o meu coração
Quero esboçar o que há de mais intrigante
Quero me arremessar contra os leitores arrebatadoramente
Ser completamente inconseqüente!
Mas com o devido suspense
Revelo os segredos amiúde
Rasgo as letras lentamente ao encontro dum clímax
E com apelo dramático espero e quero
Que o humor do interlocutor mude!
Quero ser o herói!
Anti-herói
Protagonista
Antagonista
Quero envolver irresistivelmente quem me lê
E com uma trama ludibriadora como um truque de mágica
Quero causar uma manifestação sentimental mista
Nada semelhante a uma leitura estática
Quero uma reação magnética
Que prenda o leitor e o engane nas emoções
Para que elas se confundam e se encontrem em deliciosas explosões
Eu quero mesmo é um orgasmo!
Que deixe o interlocutor completamente pasmo
Imerso num prazer que espero existir ao me ler.


Eder de A. Benevides

sábado, 20 de junho de 2009

Eu


Digo que sou estranho
Estranho excêntrico
Excêntrico sonho
Sou Sonho
Porque desperto não passo de um chato
Porque chato sou apenas mais um
Estão quero! Bravejo! Almejo!
Ser Sonho
Subjetivo
Íntimo
Demasiado próximo
Próximo de inquietos âmagos
De corações transeuntes
Que vagam por ruas desertas
Incessantes atraz de algo
Excêntrico
Estranho
Sonho
Como eu




Eder de A. Benevides

Sou o que visto?


Sou o que visto?
E se visto roupas vermelhas
Torno-me fogo?
Cuidado com as centelhas!
Caso se queime
Fique sabendo
Sou contagioso
Demasiado amoroso
Um tanto esquizofênico
Até que um pouquinho misterioso
Mas se usasse uma roupa branca?
Seria eu anêmico
Sem graça
Eufêmico?
Pois assim me visto de preto!
Como a noite que se passa
Sou sério
Agora sim um mistério
Como nos filmes de suspense
Com aquele olhar iminente
Ao encontro dum adultério
Num romance fatal
Mas na verdade o que sou?
Uma mistura anormal?
Miscelânea sortida
De cores e roupas
Ou um enigma teatral?
Há vezes que venho trocado
De verde sou vermelho
E de vermelho estou sem sal
Então o que sou?
Um espírito confuso
Porque afinal
Definitivamente
Não sou exatamente
Aquilo que uso.


Eder de A. Benevides

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Caos


É negra a minha visão
Que nada vê além de fatasmas angustiados
Incógnitas de atitudes que atordoam
Embriagam os meus sentidos
Por serem nulas
Atitudes aprisionadas no espírito
Que se tornam tão tóxicas
Tão dolorosas
Por nunca virem à luz
São ímpetos reprimidos como soluços
Tão constantes que me levam a indagar
Por que hesitação tão impertinente?
Por que soluços cada vez mais frequentes?
A! Covardia vil!
Sim! Sou covarde no coração!
E corajoso em tudo o que a ele foge
Sem hesitar enfrento um leão
Ou panteras que surgem das trevas
Sedentas por minhas fraquezas
Mas meu coração?!
Desse fujo a luta
Sequer posso encará-lo
E dessa guerra nada resta
Minhas atitudes se tornam prisioneiras
Meu âmago se perde num cárcere
Cárcere de grades espinhosas
Que só podem ser quebradas
Por espíritos bravos em seus sentimentos
Mas frente a essa pantera
Sou apenas mais um covarde
Que sucumbe pelo horror

Eder de A. Benevides