terça-feira, 21 de novembro de 2023

Ecos do Eu

  

Ecos do Eu

 

Me basta um acorde solto

Ou uma nota de nostalgia

Que me encubra, me deixe envolto,

Em pretérita e saudosa magia,

Para Imaginar ser cada canção

Um prelúdio ou uma insígnia

Dos momentos que se vão.

Talvez a música, em seu apogeu,

Se transmute em ecos do eu

Ecos meus

Ecos seus

Ecos de companhia e solitude

Que, distantes, se esvanecem

A cada repetição;

A cada pedaço de completude;

A cada lapso de solidão.

Cercado por notas de memória

Me torno puramente emoção,

De forma que cada eco de mim

Reaviva um conto de minha história;

Uma distorção rude e persistente

Das vidas que me habitam;

Delírios de um tempo remanescente

Saudade lisérgica que a alma sente.


Eder de Almeida Benevides