sexta-feira, 26 de junho de 2009

Coração de Cristal


Coração de cristal

Lamentava um coração de cristal.
A sua dor era gelada e profunda
Pois era estranhamente oriunda
De sua triste existência irreal.
Queria os chorinhos da vida
Ter aquela coragem atrevida
As palpitações de amor
Queria acima de tudo sentir dor
Não uma dor gélida e mecânica
E sim aquele leque abstrato
De profundas sensações orgânicas.
Indignado
Desconsolado
Cansou-se de sua condição de objeto!
Invocou Deus e determinado gritou!
- Por que sou inanimado abjeto
Se entre tantos corações
Sou o que mais quero ser o que não sou?
.
.
.
.
Com o silêncio das indagações
Continuou
O inerte ser cristalino
Inanimado
Gelado
A ser o que é em seu triste destino.


Eder de A. Benevides

Um comentário:

  1. lembrei-me do filme ''o homem bicentenário''!!
    Muito lindo! Essa idéia géliga do amor que o inanimado nos transmite... As vezes penso que esses seres que julgamos tão 'inanimados', daquei alguns poucos anos já estarão amando mais que os humanos {rs.} Quem tem coração de Cristal sofre porque ama de menos e sonha ter 'coração de verdade'para amar!!!. Quem tem 'coração de verdade' sofre porque ama demais e deseja controlar o coração para que os sentimento se tornem indolores! Paradoxo, não?! rs!
    Insanas Indagações shayenianas! Sua escrita me propicia isso! Essa fuga das ''obviedades'', essa abrangência de significações!
    Você é demais, Eder!

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