quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cinema


Cinema

É a imaginação de brilho incandescente
Que da brasa estoura em centelhas mil
É o encanto que vem do cerne de uma mente
Onde há heróis e as sombras de um coração vil

Despertam a euforia de uma criança
Heróis que brincam com o imaginário
Nos adultos revive aquela velha lembrança
E num ato de coragem torna jovem até um coração centenário

Traz a tona as terríveis desventuras humanas
Desnuda o âmago de falsos sorrisos
Denuncia as mais íntimas fantasias profanas
Mostra o vexame dos mais atrozes segredos omissos

Leva-te à tempos por eras esquecidos
Faz das secretas rapsódias a faísca de um olhar
Revive a fantasia de lendas e contos proibidos
Faz do frenesi do clímax a necessidade de mais ar

Por traz das câmaras o feitiço de um bruxo
Os caprichos de um ser excitado pelo fantástico
Que faz do cenário e atores um espetáculo de luxo
Torna impossível desviar a empolgação dum olhar estático

É a pura e explosiva magia da sétima arte
O poder meticuloso de impressionar,aterrorizar e matar
Matar como faz a entrega de uma rosa escarlate
Assassina o juízo e te sugere a querer voar


Eder de A. Benevides

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Aquela música


Aquela música
É a sonata da lua
O amparo na chuva
O calor no peito
A nostalgia confortável
A velha caixinha sonora
Com a bailarina
Que rodopia e rodopia
Num espetáculo de sonhos
Em meu âmago
Aquela música
É a aurora boreal
Um espelho celeste
Os últimos raios
Por traz das montanhas
Tão grandes
Que abraçam o Sol
Aquela música
É o réquiem estrelar
São os pingos na janela
Do carro
Do quarto
É o piano que se ouve
Na longínqua ressonância
É o hino dos dias
Que não deixam de passar
Junto à melodia
Daquela música
Que é o toque necessário
Dum instrumento
Em meu coração
Onde a bailarina
Continua a rodopiar
Ao som do longínquo piano
O réquiem das estrelas
A sonata lunar
Eder de A. Benevides

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Amor

O que seria o amor?

Amor são letras!

Meus versos não passam de amores!
Amores pelo papel e a caneta!
Amores pela vida e aquele sorriso

O sorriso de quem lê minhas letras.

Eder de A. Benevides

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Horizonte


Poeminha antigoo! Fraquinho também! Mais tenho carinho por ele. E não o trato com desdém. =D
Horizonte


No horizonte algo me espera
Espera com juramentos
De dar amparo à melancolia
De um coração em fragmentos

Meu espírito num vazio tremendo
Resgata as tardes e noites vividas
O lusco-fusco restava ante o breu
Doíam agora as antigas feridas

Se no crepúsculo até o Sol
Busca ao horizonte regozijar
Por que hesito em seguir em frente?
Por que hesito em querer ficar?

Num pensamento o meu peito dói
E a dúvida aumenta junto à fadiga
Do horizonte chamados incessantes
Abruptos clamam para que eu os siga

Talvez um dia volte a me esperar
E com um olhar fixo no distante
Talvez na presença da certeza
Não terei medo de seguir adiante

Eder de Almeida Benevides

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Prosaico

Essa é para a Shayene Machado! Existe um toque de suas letras nessa poesia, o último verso da oitava estrofe =)
Prosaico

Abro os olhos
E aturdido pelos feixes de luz
Viro-me de lado
Em minha mente aquela velha e
Indelével melodia da manhã

O resto do dia parece tão distante
Do edredom tão quentinho
Mas a janela aberta ordena
Levanta-te dorminhoco
Prepara-te para o dia de hoje

Ao me levantar de meu leito
A melodia!
Transmuta-se numa orquestra!
Começa lenta, gostosa
Ao sopro que atravessa suaves flautas

Mas é só botar os pés na rua
Que outros naipes soam aos ouvidos
Primeiro os violinos
[Cantadores]
Depois o piano, bem pianinho!
Preenchendo as lacunas do espetáculo

A melodia segue ganhando corpo!
Ganha as vozes da rua em plena manhã
Num coral prosaico!
Em que não há tenores, barítonos ou baixos!
Há murmúrios, naipes e compassos!

Com inveja apresenta-se o cravo
E destoa! Destoa tudo!
Oh invejoso! Invejoso desafinado!

Mas o tempo, maestro supremo
Não se abstém a corrigir!!
Chama o piano a solar junto aos violinos
[Encantadores]
E o cravo arrependido põe-se a chorar
[Entoa as suas dores]

Em um momento tocam os trombones!
Fortes e imponentes!
É o clímax! É o ardor! A Emoção!
O sinal de que levantar é necessário
Surpreendente
Pois o maestro sempre tem um naipe
Uma carta na manga
[Ou ao menos um grande truque capaz de ludibriar seus olhos]

O dia, antes tão distante do edredom
Passa ligeiro
[E derradeiro]
O crepúsculo joga as suas franjas
Mas a orquestra ainda não terminou

Com o brilhar das estrelas
Apresentam-se os misteriosos violoncelos
Que em sua gravidade criam o desfecho
Em que a lua, a rua deserta e os postes acesos
Apresentam assim
A melancolia
Do fim
De mais um dia.

Eder de A. Benevides

sábado, 7 de fevereiro de 2009


Retorno

Saudade em devaneios é nostalgia
E a aurora das areias transcorridas
Faz parte de mim
E de ti fazia parte a magia

Em outrora, outras lembranças era eu
Aquele que dizia e fazia com personalidade
Tornou-se o pálido
Que esqueceu dos sonhos meus

E na falta da magia
Que tanto me faz lembrar de ti
Ponho-me a esquecer das explosões que há em mim
E se a pólvora que tão raro fogo faz se acabar
Serei mais um
E mais triste do que isso....

Mas no desespero eu surto em louco ímpeto
Corro a favor da chama que há tempos foi perdida
Acorda-te!
Levanta-te!
Volta a ti ferido soldado!
Porque o retorno é necessário
A toda magia,
Que implora por um mágico.


Eder de Almeida Benevides

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Crepúsculo


Crepúsculo

É sob os raios do crepúsculo
Que a alma é verdadeira
Que a estrutura se converte ao avesso
O âmago resplandece visível
E a miscelânea de máscaras cai derradeira

Diante da luz desse momento sublime
O espírito é um rascunho borrado
Em que o eu-lírico dessa epopéia
Confunde-se com um autor desesperado

O desespero da ânsia pelo futuro
E pela existência das sombras de um passado
O desespero por ter a fatal pena na mão
E a sufocante sensação de não saber
[quais versos escrever]

É na nostalgia do crepúsculo em que se sente
A aurora do futuro através do rascunho indelével
E que não importa os anseios do eu lírico
Se a pena nunca para
Obstante que é invencível

Eder de A. Benevides