segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Atrevimento.

 

Eu não me atrevo a me recordar

Do ar quente e do toque molhado

De tua boca brilhante e rubra.

Do gosto da tua saliva 

Que inebria meus instintos;

Que enlouquece o meu tino.

Eu não me atrevo a reviver

Os longos e ofegantes instantes

Junto da tua pele macia;

Do teu ímpeto lascivo.

No teu corpo me perco e me encontro.

Acho cada sentido perdido

E logo volto a perdê-los.

Eu não me atrevo a em ti ser são.

Pois tua loucura me seduz,

Me esvazia de todo o juízo

E me sacramenta em tua luxúria.

E no descompasso de cada inspiração

Eu me atrevo e me atrevo mais

Para depois deixar de me atrever.

Nesse jogo de atrevimento

Fico na fronteira, na Linha de Gaza,

Do querer e do desquerer.

Mas basta te encontrar

Basta sentir teu cheiro forte

Que volto a me atrever

Mesmo dizendo que não me atrevo.


Eder de A. Benevides