quarta-feira, 25 de maio de 2011

Verbo

Demorei para postar esse poeminha. Posto agora porque, como se trata de um blog "Eder Benevides", o acho um componente essencial de minha definição. Aproveito para apresentar o novo visual do blog, que foi elaborado pelo querido Juan Filipe Stacul e apresenta, ao canto da tela, um retrato meu desenhado por meu queridíssimo amigo Eder Sallez!



Verbo


Sou bastante temperamental.

Não me pressione em dias nublados.

Tenho remorso de meus desejos exilados,

Esquecidos em meio ao vendaval.


Minhas lágrimas são evasivas.

Salgadas como o próprio oceano.

Inconstantes como um errante cigano

Que se recorda das vidas vividas.


Tenho um âmago em constante ressaca.

Meu humor é o mar em tormenta.

Praia de maré deveras violenta

Com água turva e areia sem marca.


Sou artesão.

Vontade peregrina.

Querer em vão.


Sou amante.

Alma surpreendida.

Caçador dum instante.


Sou escritor.

Pródigo das letras

Que rabisca por amor.


Minhas mãos já não possuem tato.

Apenas aquele ímpeto compulsório

De escrever conteúdo inexato,

De transmitir aquilo que não é notório.


Eder de A. Benevides

2 comentários:

  1. excelente poema, mas tenho que ressaltar o início.

    EXCELENTÍSSIMO.

    abraço, velhinho!

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  2. Cada verso tem a força de um tiro!
    Muito lindo o poema!

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