quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aprender

A vida, afinal, não é feita de aprendizados? Sempre achei esses papinhos de “a vida é isso” ou “a vida é aquilo” extremamente inconstantes, porque, de uma forma ou de outra, existem pessoas que insistem em passar por esse mundo sem absorverem nada. Pois bem, esse não foi o meu caso. A vida me ministrou, nos últimos anos, lições duríssimas, mas acho que aprendi bem e, hoje, sou um pouco mais prudente em minhas escolhas.

Aprendi que nunca somos aquilo tudo que achamos que somos. Sempre que chegamos a um ponto em que acreditamos ser completamente dominantes, vem uma prova de fogo para nos mostrar que precisamos estudar mais, treinar mais, entender mais, ouvir mais e, conclusivamente, nos “acharmos” menos. Não que não possamos ter autoconfiança e orgulho próprio, mas que precisamos ter autocrítica. As pessoas, as instituições, a sociedade e o mundo exigem isso de nós. Saber nossas fraquezas é o primeiro passo para superar as famigeradas provas de fogo.

Aprendi que a vida não é uma série de televisão; Que nem sempre dará tudo certo no final. Isso é a maior mentira que já foi contada. Às vezes as coisas simplesmente dão errado. Não existe o romance perfeito, o príncipe encantado e a princesa da torre. Shakespeare foi um perfeito realista em seu tempo, e não há quem negue que o romance de Romeu e Julieta fatalmente daria errado; que Brutus trairia Júlio Cezar; que Hamlet seria infeliz em sua vingança (...). Nós, ao revés de nos lamentarmos pela “injustiça” do mundo, deveríamos encarar a obliqüidade dos acontecimentos com maturidade e força. Sofremos menos quando sabemos que há a possibilidade de dar errado e nos preparamos para isso.

No amor aprendemos que o gostar é extremamente subjetivo, pessoal e íntimo. As pessoas não são previsíveis e, além disso, o que elas sentem pode ser misterioso até para elas próprias. Idealizar, nesse campo, é quase sinônimo de sofrer. Gostamos, nos apaixonamos, enlouquecemos, idolatramos e inumeráveis outros “amos” que só servem para nos desequilibrar. O que ocorre é que, na maioria das vezes, tudo isso é direcionado para uma criação de nossas expectativas e anseios. Seres humanos são seres humanos. Não somos ideais e perfeitos.Para evitarmos uma profunda decepção, devemos nos esforçar o máximo para enxergar as coisas como elas são, e não como gostaríamos que fossem.

Aprendi que devemos nos expressar. Direcionar aquilo que sentimos de forma que possamos encontrar o equilíbrio e uma consciência leve. Reprimir é se destruir; se acabar lentamente. Se algo te incomoda, aprenda a expressar aquilo que o aflige. A atitude mais destrutiva que tomei na minha vida foi essa de reprimir. Hoje sei a importância de desabafar, brigar, xingar, chorar (...). Mas é claro, não devemos trocar os pés pelas mãos. Não vamos entrar no gabinete do patrão e descascar o coitado. Há formas e formas de se expressar e não levar desaforo para casa. Ainda estou trabalhando esse lado.

Pois bem, a vida ensina sim! Não nascemos sabendo lidar com todos os tipos de situações existentes. Como diz um amigo, as nossas experiências são como bolos. Ninguém faz um lindo bolo de confeitaria na primeira tentativa. O primeiro bolo costuma queimar, murchar, ficar chocho e outras tragédias de boleiro, mas a gente consegue aprender (aqueles que se esforçam pelo menos). Uma hora sai um bolo descente para saborearmos com prazer.


Eder de A. Benevides

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