quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mãos sujas

Minhas mãos estão sujas de terra
Pois as cravei no cerne desse solo úmido
Com a fúria triste dum coração que erra.
Esse solo é escuro como carvão.
O seu cheiro é forte e lúgubre.
Deriva dum nulo querer vão.
Digo:
"O vício dos mortais é perene"
Impede-me de me livrar dessa sujeira;
De encontrar uma maneira
De esmagar os vermes contorcidos
E as raízes de toda essa dor.
Meu caro leitor!
Hesito por um nada.
Hesito por uma esperança falida;
Pela vontade de mergulhar novamnte
Minhas mãos nesse lodo
Como num assunto pendente.
Essa terra não pode ser lavada com água.
Nem com saliva.
Mas cai,
Cai gradativa.
Grão por grão
Com a batida invencível do relógio.
Ficam para trás os ressentimentos,
O amor,
O ódio.
Até que se ache outra terra viciosa
E a vontade leve a sujar as mãos
Numa nova história
Impregnante e dolorosa.


Eder de A. Benevides

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