Minhas mãos estão sujas de terra
Pois as cravei no cerne desse solo úmido
Com a fúria triste dum coração que erra.
Esse solo é escuro como carvão.
O seu cheiro é forte e lúgubre.
Deriva dum nulo querer vão.
Digo:
"O vício dos mortais é perene"
Impede-me de me livrar dessa sujeira;
De encontrar uma maneira
De esmagar os vermes contorcidos
E as raízes de toda essa dor.
Meu caro leitor!
Hesito por um nada.
Hesito por uma esperança falida;
Pela vontade de mergulhar novamnte
Minhas mãos nesse lodo
Como num assunto pendente.
Essa terra não pode ser lavada com água.
Nem com saliva.
Mas cai,
Cai gradativa.
Grão por grão
Com a batida invencível do relógio.
Ficam para trás os ressentimentos,
O amor,
O ódio.
Até que se ache outra terra viciosa
E a vontade leve a sujar as mãos
Numa nova história
Impregnante e dolorosa.
Eder de A. Benevides
quinta-feira, 24 de junho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Eu marinheiro
Sou marinheiro.
Navego pelos mares cósmicos
Num universo estrelar.
Sou capitão aventureiro.
Conduzo meu navio.
Enveredo-o por explosões galácticas
Num ímpeto pertinaz de me lançar
Nessa complexidade;
Na irreverente aventura de viver.
Na irresistível aventura de ser
Mais do que na verdade sou.
Quero me emocionar,
Apreciar a arte abstrata das nebulosas.
Fugir dessas virtudes ociosas.
E quando nos encontrarmos
Poderei contar empolgado
Que já me banhei numa chuva de estrelas.
E quando nos abraçarmos
Poderei contar em seu ouvido
O segredo mágico de vê-las tocar a pele
E senti-las no cerne do próprio universo.
É sentir o corpo imerso;
Submerso na própria concepção de existência.
Existir é navegar incessante.
Procurar sempre aquele sentido longínquo
Aquela estrela perdida no horizonte.
Eder de A. Benevides
terça-feira, 15 de junho de 2010
Viva!
Viva a diversidade!
Viva o frenesi de se ser o que é
Nessa múltipla realidade.
Ser aimoré
Pai de Santo,
Ativista
Ou lelé.
Jogar futebol,
Ser lutador
Ou tocar berimbau.
Seja o que for!
O importante é fazer parte
Dessa estação colorida;
Desse jardim.
Seja rosa,
Cravo
Ou margarida.
Tudo isso pois
O mundo não é só um
Nem igual.
É constituido por uma matéria
De propriedade plural.
O mundo está cheio de gente
Que vive o prosaico
Em seu mundo próprio
Único e diferente.
Eder de A. Benevides
terça-feira, 8 de junho de 2010
Não ao Pudor!
Quero perder o pudor,
Tornar-me despudorado
Ganhar um olhar atrevido
Ser menino levado.
E se nessa vida
Eu me perder no meu tesão,
Pelo menos
Não serei mais um daqueles entediados
Que para as delicias olham
E, atônitos, dizem "não".
Eder de A. Benevides
Três poeminhas metalinguísticos.
Desaforo
Aderido a inquietude
Transmuto-me nas centelhas
Dessa chama que sempre queimará.
E por mais que o meu humor mude
Serei sempre esse teimoso
Que abraça forte as letras
E não deixa as emoções para lá.
Aula de gramática
Substantivo ----------------------------------------------------Pronome
---------------------------------Adjetivo----------------------------------
Preposição-----------------------------------------------------Verbo----
---------------------------------Advérbio---------------------------------
Conjunção------------------------------------------------------Artigo---
---------------------------------Emoção (.)
Canoa
Numa canoa
A beira do mar
Observava na água
Na superfície cristalizada
O reflexo lunar
E das estrelas também,
Que nos versos sensíveis
Pertencem a todo mundo
Mas na verdade se sabe que,
Pelo bem das canetas inquietas,
Não são de ninguém.
Eder de A. Benevides (for all)
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