terça-feira, 23 de março de 2010

Ode a poetisa introspectiva: segundo

O seu sonho é escrever uma linda poesia e, com as suas letras, mudar o mundo. Essa mulher é um exemplo de quem vive o seu sonho diariamente. Lembro-me do dia em que a conheci. Foi numa fria sala de cursinho pré-vestibular; olhei para a carteira em que estava sentada e me deparei com aquele afável sorriso de poetisa. Daquele dia em diante sinto como se a minha alma tivesse achado a peça de quebra cabeça que sempre faltou para sua completude. Foi nesse período que a minha escrita estava tomando forma; que as palavras juvenis amiúde tornavam-se maduras. Mostrei-a alguns versos que escrevera e, com o mesmo sorriso afável do primeiro encontro, ela tocou meu espírito e fez minhas letras voarem. Seu nome: Shayene Machado.

Com o tempo pude perceber que Shayene é mais que uma poetisa: é, também, uma humanista de calibre maior. O seu amor pelo ser humano e a sua esperança por um futuro promissor foram fatores que tocaram meu cerne de forma nunca antes feita. Observava-a em seus momentos de fervor em que discursava o valor da vida. Em que falava sim que o Brasil necessita de uma reforma agrária, e que o deleite de uma minoria não pode ser valorizado em detrimento da vida. Não é uma radical, muito pelo contrário, é sensata! Alias poucas pessoas conheci com tamanha sensatez e serenidade. Porque a serenidade, em toda sua doçura, é a grande ferramenta da sabedoria.

Uma vez me mandou um texto de Fábio Konder Comparato, professor de Direitos Humanos na USP, que dizia que dignidade humana vai além de ser feliz e buscar a própria felicidade, que na realidade, a dignidade está, também, no ato de ajudar na busca da felicidade do próximo. Pensem. Se a mentalidade global seguisse esses princípios, o caminho da Utopia estaria exponencialmente mais próximo do que o caminho errante citado por Galeano. É um princípio de solidariedade objetiva, que pela primeira vez na humanidade, com os tratados internacionais de Direitos Humanos, passa a rodear a mentalidade global pouco a pouco. Por mais lento e, às vezes, superficial que seja, é um começo. Seguindo esses princípios a trajetória que Shayene ruma é admirável. Hoje ela luta contra o preconceito racial, luta pela negritude brasileira; continua a lutar por uma sociedade igualitária em que os latifúndios sejam convertidos em frutos para o povo. Luta sempre pelo ser humano. Qual a sua principal arma? O papel e a caneta!

Shayene como eu, depois de muito sufoco, cursa Direito; eu em Viçosa e ela em Vitória. Penso que nós travamos conjuntamente um luta por um mundo melhor. Por mais que a nossa realidade imponha verdadeiros obstáculos para o nosso sucesso, não nos abstemos de lutar. Lutar sempre, sem medo do futuro, porque penso que esse só valerá verdadeiramente à pena se mais um raio de sol, proveniente de nossos esforços, o iluminar. E é bem nesses moldes que a linda poesia de Shayene Machado está sendo forjada, verso por verso; estrofe por estrofe, seguindo esses princípios de humanidade, seguindo os impulsos de seu coração e, por fim, seguindo o rastro de sua caneta, fortemente apertada por suas mãos doloridas que jamais cessarão.


Eder de A. Benevides.

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