O Governo brasileiro, em toda sua recente repressão e
imbecilidade, faz negar o direito do cidadão de pleitear os seus direitos, interdita
a ágora e mata a democracia. A repressão descomedida da PM em São Paulo é
repleta de ilegalidade e desrespeito ao cidadão. O poder de polícia deve ser
usado em prol da sociedade civil, e não contra ela. Garantias constitucionais e
direitos tão fundamentais como o de ir e vir foram negados. Ouvi relatos de amigos que foram interceptados
pela PM nas ruas paulistanas pelo único motivo de serem jovens. Tentam
marginalizar a juventude como forma de legitimação da barbárie e do
autoritarismo.
Em um Estado de Direito, toda ação do governo deve ser
calcada na lei. É o que garante a segurança de cada um e nos permite dormir
tranquilos ao saber que vivemos em uma sociedade cujo governo age na bitola do
Direito, e não por seus desígnios mais nefastos. Quando a ação do Governo age
fora da lei, temos o autoritarismo e a supressão de toda a segurança que os
anos de luta das gerações passadas nos legaram. Uma professora ser atingida no
rosto com uma bala de borracha por transitar é ilegal. Impedir a imprensa de
tornar público o que se passa e garantir o direito à informação do cidadão é
ilegal. Quebrar a janela da própria viatura para poder empregar a mais pura força
bruta é ilegal. Impedir a livre manifestação de civis é ilegal. Ou seja, o
corolário mais importante de um Estado de Direito, que é a legalidade, também
foi negado.
A ideia de ordem está impregnada nos setores mais
conservadores da sociedade, na grande imprensa, na Polícia e no Governo, tanto o
federal quanto o Estadual. Ao contrário do que está escrito na bandeira de nosso
país, a ordem não está relacionada ao progresso ( para mim, a conquista de uma sociedade justa ). Pelo menos não essa ordem que pretende
amordaçar o povo; que pretende criar um conceito único de como deveria ser a
sociedade brasileira; que prioriza o interesse de uma concessionária de
transporte público em detrimento de cada cidadão. O progresso só pode ser
alcançado através do conflito, através das vozes de cada um que vai às ruas e
brada o seu ideal de sociedade.
Devemos lutar, agora, mais do que nunca, pela democracia
como se deve ser e por um verdadeiro Estado de Direito. Temos esse dever para com a próxima geração e
para com nós mesmos. Não podemos permitir que o Estado abuse de seus poderes e
nos oprima. Hoje, tivemos grandes manifestações em Belo Horizonte, São Paulo e
Brasília. É a nossa juventude ocupando seu espaço e reavendo para si o que lhe
é mais precioso: o direito de sonhar.
Eder de A. Benevides
Eder de A. Benevides
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