sexta-feira, 9 de abril de 2010

Certa vez conheci um velho José Borges

Certa vez conheci um velho José Borges.
Homem de fibra, vida e cicatrizes
cuja terra, mãe das diretrizes,
o faiscava o olhar.
Brilhante porém severo como são
os anos que o consomem as fibras;
Que marcam o seu rosto da forma
que a inchada marca o chão.
É pião duma guerra atroz.
O tabuleiro: a terra.
De um lado o homem
Do outro também o homem.
José Borges é camponês e artesão.
Fabrica cigarros de palha grandes
como charutos, mas não tão grossos.
São frutos, assim como a labuta na terra,
dessa malha que cobre o seu corpo e que,
arraigada a sua pele, constitui
o seu próprio couro.
José Borges.
José Borges e tantos outros nomes.
Outros olhares.
Ou talvez o mesmo.
Esse olhar cujo desejo vai além da terra.
Almeja que lindas flores brancas
pintem os campos e cubram
as pétalas vermelhas dos sonhos tombados
no calor entre as centelhas;
No horror dessas tantas batalhas.


Eder de A. Benevides

Nenhum comentário:

Postar um comentário