Ecos do Eu
Me basta um acorde solto
Ou uma nota de nostalgia
Que me encubra, me deixe envolto,
Em pretérita e saudosa magia,
Para Imaginar ser cada canção
Um prelúdio ou uma insígnia
Dos momentos que se vão.
Talvez a música, em seu apogeu,
Se transmute em ecos do eu
Ecos meus
Ecos seus
Ecos de companhia e solitude
Que, distantes, se esvanecem
A cada repetição;
A cada pedaço de completude;
A cada lapso de solidão.
Cercado por notas de memória
Me torno puramente emoção,
De forma que cada eco de mim
Reaviva um conto de minha história;
Uma distorção rude e persistente
Das vidas que me habitam;
Delírios de um tempo remanescente
Saudade lisérgica que a alma sente.
Eder de Almeida Benevides